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Somos dois e… um só corpo?

Atualizado: 18 de jul.



Casal de mãos dadas
Casal de mãos dadas

A conjugalidade moderna pode ser vista em diversos arranjos familiares, assim, para além do casal formado por um homem e uma mulher, há composições de famílias homoafetivas e também de famílias recompostas, com filhos e enteados que são frutos de outras relações. Tais diferenças não poupam nenhum dos arranjos do imperativo de um certo ideal de felicidade, o que tem assombrado a sustentação da conjugalidade. Em tempos de superexposição e de constante cobrança de felicidade parece haver pouco espaço para que os casais experimentem genuinamente lidar com as diferenças e consigam conviver com as ambiguidades que elas apresentam. Estas são questões onipresentes nas relações, no entanto, na busca incessante do prazer e evitação do desconforto e sofrimento muitos casais têm enfrentado impasses em continuarem juntos, comprometendo a construção do seu projeto de vida comum.


Dentre os fatores que podem dificultar a acomodação das diferenças dentro do casal está uma certa ilusão de unidade. Ao se fusionarem, os parceiros negam as diferenças individuais e relutam em aceitar seu parceiro ou parceira enquanto alteridade. Assim, são convidados a aceitar a proposta de fusão psíquica com o parceiro ou com a parceira, muitas vezes abandonando completamente seus desejos e sua individualidade. Em geral, este movimento tende a arrefecer os conflitos conjugais ao passo que aumenta enormemente os conflitos individuais internos.


A dificuldade de viver a relação a dois pode se dar também pela proposta de fusão dos parceiros com suas famílias de origem. A saída de um membro da família para construir um novo grupo familiar pode representar uma ameaça à ilusão de unidade das famílias de origem e, com o objetivo de manter a unidade grupal, as famílias acabam por invadir e influenciar de maneira fantasmática ou concreta a vida do casal.


Tais experiências tendem a impactar negativamente a formação da identidade do casal, que ao invés de propor a anulação completa das características individuais, se faz justamente pela composição das diferenças existentes em cada um. Em essência, este processo depende sobretudo da conciliação das divergências entre os parceiros, o que é fundamental para que se abra a possibilidade de revisão, adaptação e desprendimento dos modelos de referência parentais. Este processo criativo contribui enormemente para a estabilidade do casal conjugal, pois é a partir desta estrutura que se pode criar seu próprio projeto de vida.


Saiba mais:


Neves, A.S., Dias, A.S.F, Paravidini, J. L. L. Psicodinâmica conjugal e contemporaneidade. Psic. clin., Rio de Janeiro, vol 25, n.11, p. 73-87, 2013.


GOMES, I. C.; LEVY, L. Psicanálise de família e casal: principais referenciais teóricos e perspectivas brasileiras. Aletheia,  Canoas ,  n. 29, p. 151-160, 2009 .  

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